Na última semana falamos um pouco sobre o surgimento dos estúdios de animação nos EUA durante a década de 1910 e como isso contribuiu para a criação das séries de personagens. Essas séries surgiram no mercado cinematográfico durante a chamada era silenciosa do Cinema de Animação (entre 1914 e 1928), acirrando a concorrência entre os estúdios.
Veja abaixo um episódio de Betty Boop, uma das primeiras séries a se popularizar nos EUA
As séries de personagens funcionavam como o grande sucesso econômico da animação. No entanto, junto com as séries, surgiram práticas facilitadoras do trabalho dos animadores, para agilizar a produção, que começaram a afetar diretamente a qualidade dos filmes e a caracterização das personagens: repetições de poses, expressões, movimentos, cenas e cenários que eram reaproveitados em todos os episódios. (você já deve ter notado em desenhos como Scooby Doo que a cena da correria da trupe de detetives se repete em todos os episódios)
Isso, por outro lado, criava uma identificação visual do universo fictício da personagem de uma série junto aos espectadores, o que era importante naquela época de forte concorrência entre os estúdios. Ficava fácil para o público reconhecer a personagem ou o estúdio relacionados à obra exibida a partir de uma cena repetida ou de um cenário familiar, o que facilitava aos estúdios o lançamento de séries com novas personagens (se a nova série compartilhasse da identidade visual de uma série que já era sucesso, a mente do espectador relacionava as novas personagens com as personagens já consagradas do mesmo estúdio).
Foi aí que o Cinema de Animação começou a sofrer uma uniformização, bastante criticada pelos animadores independentes, defensores de uma arte livre de fórmulas. Surgiram as primeiras estrelas dos desenhos animados, todas de forma humana (como Koko, Betty Boop e Popeye). Com o tempo, foram cedendo seu espaço para animais de formas antropomórficas (Gato Félix, Mickey...). Animais que falam e agem como seres humanos tornaram-se então uma opção perfeita para que o animador explorasse a fantasia sem limites.
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