domingo, 20 de março de 2011

Personagem da semana - Félix

A personagem da semana é também um mergulho na história das séries de personagens do início da década de 1920: Gato Félix, a mais popular e financeiramente bem-sucedida personagem da era silenciosa do Cinema de Animação. Felix não reinou sozinho na época, é bem verdade. Personagens parecidas surgiram, aproveitando-se do sucesso do bichano: Bosko (Warner Brothers), Oswald, o coelho sortudo (primeira criação de Walt Disney) e Mickey são alguns exemplos. Mas Felix era diferenciado.

Criado pelo cartunista americano Otto Messmer, Felix é um exemplo bem sucedido da exploração do potencial plástico e surreal da arte do Cinema de Animação. O mundo que o gato preto habitava era um mundo artificial, abstrato, sem limites. Messmer aproveitava, assim, para flertar com os movimentos artísticos de vanguarda da época, como o surrealismo, o concretismo e o expressionismo.

A série de personagens do Gato Felix apresentava uma saída para o problema da uniformização da animação identificado em boa parte das demais séries. Tudo bem que a série Félix valeu-se da repetição e tantas outras técnicas que simplificavam a produção, como todas as outras. Mas através da exploração do surreal, a obra deixava de ser previsível, gerava uma expectativa e uma ansiedade sobre os rumos do enredo e sobre as situações que poderiam surgir, atiçando o espanto e a curiosidade do espectador.

O sucesso absoluto de Felix durou quase dez anos, até o fim do cinema mudo de animação. O sucesso de Felix era fruto de piadas visuais. Com as possibilidades trazidas pelo som sincronizado, Felix tornou-se ultrapassado. Quando Pat Sullivan (produtor da série de Felix) decidiu investir na sonorização dos filmes do felino, já era tarde demais. A personagem havia sido superada, e nunca mais tornaria a ser tão popular quanto fora até 1928.

Fonte: Personagens da animação brasileira, de Daniel Pinna

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